A Tentação e o Refúgio em Cristo

Dietrich Bonhoeffer, em sua obra Tentação, afirma que a essência da tentação bíblica está no movimento interior que se inclina radicalmente para o mal e se volta contra o próprio eu. É como se o mal presente no mundo exercesse uma força tão intensa de atração que fosse capaz de dominar por completo a vontade, capturando a pessoa e arrastando-a para longe de si mesma.

Dr. Mauro Teixeira

7/6/20252 min read

A Tentação e o Refúgio em Cristo

Dietrich Bonhoeffer, em sua obra Tentação, afirma que a essência da tentação bíblica está no movimento interior que se inclina radicalmente para o mal e se volta contra o próprio eu. É como se o mal presente no mundo exercesse uma força tão intensa de atração que fosse capaz de dominar por completo a vontade, capturando a pessoa e arrastando-a para longe de si mesma.

Essa compreensão está em sintonia com o que Tiago declara em sua carta: somos iludidos e arrastados por nossos próprios desejos desordenados (Tg 1:14). O pecado não é apenas um ato exterior, mas um engano profundo que envolve, seduz e conduz o coração humano até o ponto da morte. A imagem é clara — o caminho da tentação é um caminho que conduz ao matadouro. A morte, portanto, não é apenas o fim biológico, mas a separação da fonte da vida.

Essa realidade revela algo fundamental: o coração humano é pecaminoso porque é dúbio. Ele oscila, titubeia, é ambíguo. Paulo expressa esse conflito interior de forma profunda ao dizer: “Aquilo que quero, não faço; e o que detesto, isso faço” (Rm 7:15). Essa luta interior revela que é do coração que procedem as ações, decisões e direções da vida (Mt 15:19). Contudo, por causa da natureza corrompida, esse coração, por vezes, se entrega ao pecado e se rende à intencionalidade do mal. Nesse momento, somos vencidos, tomados pela força da malignidade.

É por isso que estar em Cristo é mais do que um consolo religioso — é um refúgio real e seguro para a existência. Somente n’Ele há salvação. Dentro de nós habita o pecado, e não há esforço moral, mérito ético ou força de vontade que nos livre dessa condição. Nem o homem natural nem o homem ético possuem poder suficiente para vencer essa inclinação.

A única solução está no homem perfeito — aquele que não pecou, que enfrentou a tentação e triunfou sobre ela. Jesus Cristo, o Varão Perfeito, entregou-se por nós, assumiu a cruz, derrotou o pecado e abriu o caminho da libertação. Nele, o coração humano encontra sua cura e a alma, o seu descanso. Estar em Cristo é, portanto, a única forma de resistir à sedução do mal e viver em novidade de vida.

Dr. Mauro Teixeira