O Abandono na Tentação e a Corrida para o Refúgio
Na hora da tentação, estamos sozinhos. Como admitir que, justamente no momento de maior fragilidade, estejamos abandonados?
Dr. Mauro Teixeira
7/8/20252 min read


Para que haja tentação, é necessário que dois elementos estejam presentes. O primeiro é externo: algo no mundo — um estímulo, um apelo, uma ocasião. O segundo é interno: uma abertura em nós, uma fragilidade, uma brecha por onde o mal pode entrar. Quando esses dois elementos se encontram — o estímulo fora e a vulnerabilidade dentro — forma-se o cenário da tentação.
E é justamente nesse ponto de contato, nesse instante exato, que nos vemos a mercê do mau. No momento da tentação, é comum estarmos desatentos, no automático, desligados do Eterno Deus. Se estivéssemos conectados, não haveria espaço para o mal. A conexão com Ele é vida, luz e proteção. A tentação só se realiza quando, ainda que brevemente, essa ligação se rompe.
Essa realidade encontra eco na palavra profética de Isaías 54:7: “Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias te recolherei.” A Escritura revela aqui algo profundo — há momentos em que Deus permite que sintamos o peso do afastamento. Não porque Ele seja indiferente, mas porque Ele honra a liberdade que nos concedeu. Quando escolhemos nos afastar, Ele respeita. Quando nos voltamos a outra direção, Ele não nos impede à força.
Esse “abandono” é, na verdade, um espaço de decisão. Deus algo tem para nos ensinar neste momento, e esse é o sentido do abandono, assim como foi no Éden. Um momento em que a liberdade humana encontra sua prova mais profunda. É aqui que os filósofos chamaram de Angústia da liberdade. E, quem já enfrentou a tentação, sabe do mal que a envolve: é como estar amarrado, sufocado, impotente. O mal parece maior do que nós. As forças internas vacilam. Somos tomados por uma sensação de iminente queda. Contar com as próprias forças é inútil, pois este mesmo coração está enfeitiçado pelo mau desejo.
É aí que entra o chamado urgente da Escritura: fuja. Tiago, de forma firme, nos orienta: “Sujeitai-vos a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). A resistência começa com um movimento de retorno. Não resistimos sozinhos. Não vencemos pelo esforço da vontade. Antes, corremos para o único lugar seguro: Cristo.
A fuga da tentação não é covardia. É sabedoria espiritual. É o reconhecimento de que, sozinhos, não vencemos. Mas n’Ele, sim. Em Cristo, encontramos o socorro. N’Ele, a força que nos falta. Nele, o santo que se entregou de forma intencional, amorosa, sacrificial — para que todo aquele que crê não sucumba ao mal, mas tenha vida, e vida eterna.
Por isso, no momento da tentação, o maior gesto de coragem é reconhecer a fraqueza e correr para os braços do Pai. Ele não apenas venceu a tentação no deserto. Ele venceu o pecado na cruz. E agora vive para nos sustentar, nos resgatar e nos guardar — inclusive de nós mesmos.
Dr. Mauro Teixeira
O Abandono na Tentação e a Corrida para o Refúgio
Bonhoeffer nos oferece uma afirmação inquietante e difícil de aceitar: na hora da tentação, estamos sozinhos. É uma verdade dolorosa, especialmente para a mente cristã que crê no amor constante de Deus e na presença redentora de Cristo. Como admitir que, justamente no momento de maior fragilidade, estejamos abandonados? Mas é preciso caminhar com humildade e coragem pelo terreno dessa reflexão.
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